Todos nós em algum momento da vida já sentimos algum tipo de dor. Desde
que somos crianças e experiencisamos a dor, guardamos essa informação em nosso
cérebro como uma memória ruim e cada vez que sentimos uma nova dor, essa
memória se potencializa. Conforme crescemos passamos a evitar esses estímulos
dolorosos para não acessar essas memórias negativas
O medo é um fator extremamente importante, e nos ajuda a compreender
como a dor aguda se torna crônica para algumas pessoas, isso é, por que ela
persiste mesmo depois que o tecido lesionado biologicamente já se recuperou.
Medo do movimento – “Chamamos de Cinesiofobia”
A prevalência de cinesiofobia varia entre 50% a 70% dos casos em pessoas
com dor crônica, e pode ser adquirida de duas formas: uma experiência como por
exemplo, se lesionar diretamente, ou por aprendizagem pela observação.
Ela é definida como um medo excessivo, irracional e debilitante ao se
realizar qualquer movimento, devido a uma sensação de vulnerabilidade para uma
lesão dolorosa ou uma nova lesão.
E o que isso significa?
Quem tem cinesiofobia evita ao máximo se movimentar e opta por ficar
parado, pois acredita que irá se proteger. Há a crença de que algumas
atividades e movimentos provocam potencial lesão, mas o maior problema consiste
no ciclo vicioso: a pessoa não se mexe porque dói e dói porque não se mexe.
Muitas das vezes a cinesiofobia vem acompanhada do efeito nocebo, que é
o ato de gerar uma expectativa negativa diante da crença que algo o fará
piorar, gerando ansiedade, evitação a dor, a própria cinesiofobia e a
catastrofização da dor. O efeito nocebo provoca interpretações errôneas das
sensações corporais, como a experiência de um estímulo que na verdade não é
prejudicial causar dor intensa, entrando em um ciclo vicioso de dor e medo da
dor e do movimento – tensão e ansiedade – incapacidade funcional e pessimismo.
A cinesiofobia pode causar um ciclo vicioso negativo uma vez que o medo
de se movimentar limita a execução adequada de um movimento ou exercício, e
leva à baixa adesão ao tratamento e pode causar frustração tanto para o
paciente quanto para o fisioterapeuta.
Diversas estratégias de tratamento biopsicossociais e educação do
paciente para gerir comportamentos auxiliam na modificação da cinesiofobia.