O que é a catastrofização e por
que ela atrapalha no recuperação do paciente com dor
Os pensamentos catastróficos são
crenças disfuncionais de que diante de uma determinada situação ocorrerá o pior
desfecho. Na dor, eles aumentam a hiper vigilância da pessoa ao sofrimento e
também provocam mais tensão muscular, fatores que contribuem para a manutenção
do incômodo. Porém, os pensamentos catastróficos são esquemas ou jeitos de
pensar, e, por isso, podem ser alterados.
Cerca de 8 em cada 10 pessoas têm
um ou mais episódios de dor lombar (dor nas costas). Na maioria dos casos, não
se trata de uma doença grave ou um problema do passado e a causa exata da dor
nas costas não é clara. Isso é chamado de Dor
Lombar Inespecífica. Este é o tipo mais comum de dor nas costas. Dor lombar
inespecífica significa que a dor não se desenvolve devido a qualquer doença
específica ou subjacente que possa ser encontrada. Pensa-se que, em alguns casos,
a causa pode ser uma entorse (sobre-estiramento) de um ligamento ou músculo.
Pode haver outros problemas menores nas estruturas dos tecidos e a parte
inferior das costas, que levam a dor. No entanto, estas causas de dor são
impossíveis de serem identificadas em testes a não ser patologias que afetam a
coluna e que estão dentro das exclusões
que chamamos de Red Flags. Portanto, é normalmente impossível para um
profissional da saúde especialista em coluna dizer exatamente a origem ou causa
da dor, mas é comum profissionais
afirmarem através de exame de imagens que a causa são as alterações comuns encontrados
no RX, Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética e que são apontadas
como a causa da dor.
Para algumas pessoas, não saber a
causa exata da dor é inquietante.
No entanto, em outra perspectiva, muitas
pessoas acham reconfortante saber que o diagnóstico é dor nas costas
inespecífica, o que significa que não há nenhum problema grave ou doença das
costas ou coluna vertebral. Mas temos uma porcentagem alta de
pacientes com fatores biopsicossociais adquiridos e representam um papel importante no
desenvolvimento da dor lombar e progressão para dor persistente e incapacidade.
Fatores-chave incluem crenças de medo-evitação, catastrofização, crenças de
auto-eficácia, depressão, sofrimento emocional e expectativas nos resultados.
Muitos fatores psicológicos associados com resultados ruins parecem se sobreporem. Estes fatores podem
ser conceituados como contribuintes ou até como resultantes da ameaça percebida
associada com a dor lombar. Interpretando um estímulo como uma ameaça cria medo
(associado com estratégias de evitação e fuga), hipervigilância, diminuição da
tolerância à dor, dificuldade para ignorar a dor, mais catastrofização e uso
reduzido de estratégias de enfrentamento cognitivo. Compreendendo as razões por
trás destes fatores psicológicos é vital para serem endereçados efetivamente.
Aumentar a compreensão sobre as crenças do pacientes sobre a dor lombar
provê uma classificação de fatores que
influenciam a ameaça percebida.
Um estudo qualitativo ajudou a explorar a
amplitude de crenças, atitudes e percepções presentes e analisou como elas
podem influenciar a ameaça percebida associada com a dor lombar. Os resultados
deste estudo publicado na revista científica Spine mostrou que as costas é vista como sendo vulnerável a lesões devido
seu " design" , a maneira como ela é
usada ou se ela já esteve
envolvida em alguma lesão prévia. Consequentemente, pacientes consideraram que
eles precisam proteger sua coluna por meio do repouso, sendo cuidadosos,
evitando atividades arriscadas, fortalecendo seus músculos e controlando sua
postura. Participantes consideraram a dor lombar como sendo especial em sua
natureza e impacto, assim como pensam que é
difícil compreender isso sem a experiência pessoal. O prognóstico da dor
lombar foi considerado como incerto para estes com dor lombar aguda e ruim para
o que desenvolvem dor crônica. Estas crenças combinadas CRIAM UMA MÁ INTERPRETAÇÃO NEGATIVA DA SUAS COSTAS. O
estudo concluiu que deduções ou impressões negativas sobre as costas feitas por
estes com dor lombar pode afetar o processo de informação durante um episódio
de dor. Isto pode resultar em informações que indicam que a coluna é vulnerável, que um lesão é séria ou o resultado será ruim. Uma parte significativa destas
informações são recebidas de profissionais da área da saúde que não supõem o
quanto isto influência para o desenvolvimento das crenças. A avaliação com um
profissional capacitado em EDUCAR o paciente sobre a neurobiologia e
neurofisiologia da dor pode contribuir para o processo de reconceitualização da dor, substituindo as crenças negativas
pelas positivas referentes a sua coluna.
Luiz Fernando Sola –
Fisioterapeuta responsável pelo Núcleo de Estudo da Postura e Dor Crônica
do ITC Vertebral e do Instituto Krion
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