Novas informações sobre os
mecanismos que nos levam a sentir dor ajudam na criação de alternativas para
aliviar os pacientes
Se encostarmos em uma superfície
quente, a variação de temperatura nos faz tirar a mão, evitando que o calor
destrua a derme. Se há infecção em algum órgão, cólicas intensas avisam que
algo errado acontece. Sem a dor, seria impossível manter a integridade de nosso
corpo. Em alguns casos, porém, esse orquestrado sistema de defesa sai do eixo.
Em vez de proteger, vira uma ameaça.
Existem muitos mitos, falta de
entendimento e medos desnecessários sobre dor. Muitas pessoas inclusive
profissionais da saúde não tem os conhecimentos modernos sobre a dor.
Sentir dor por muito tempo é
muito desconfortável, mas é importante saber que você não está sozinho. Cerca
de 20-30% da população tem dor por mais de 3 meses. E de 10 pessoas que você
parar na rua, é provável que 3 delas sintam dor por mais de 3 meses!
Estudos recentes lançam luz sobre
essa área. O primeiro, feito no Hospital Universitário de Split, na Croácia,
mostra como os exemplos interferem no modo como cada um reage à dor. Analisando
285 voluntários – entre pacientes de dor crônica, seus cônjuges e filhos
adultos –, os pesquisadores observaram que a maneira pela qual os filhos
respondem à dor é influenciada pela forma com que os pais reagem. Quanto mais
eles supervalorizam o problema, mais dor o outro relata. Quanto menos
importância dão ao caso, mais rápido o desconforto passa. “Isso confirma que o
modelo de dor é biopsicossocial e que apenas termos biológicos ou médicos não a
explicam”, disse à Lívia Puljak, vice-reitora de pesquisa da universidade
croata.
Outro exemplo é quando vemos um
jogador fazendo um gol, todo o time o derruba e sobe em cima para comemorar!
Depois o jogador se levanta sorrindo, pulando talvez com mais energia que
antes! Por outro lado, uma lesão pequena pode ser suficiente para levar uma
pessoa a uma vida com dor crônica.
A dor lombar é uma condição muito
comum e as pesquisas mostram que a quantidade de comprometimento do disco e do
nervo raramente está associada com a experiências da dor. Muitas pessoas
apresentam hérnias de disco e mesmo assim não apresentam nenhum sintoma de dor!
Quando vemos um exame de imagem com todas aqueles nomes, pode ser amedrontador,
mas ao mesmo tempo pode ser confortante saber que muitas desses sinais fazem
parte do processo de mudança por estarmos vivos. Essas mudanças não
necessariamente tem que fazer uma pessoa parar de levar uma vida completamente
ativa! É comum ver nomes como “artrose, “degeneração” no exame de imagem de um
praticante de Yoga, que faz todos aqueles movimentos contorcidos, e mesmo assim
ele funciona muito bem!!
Esses exemplos mostram que a quantidade da dor que você experimenta não
necessariamente está relacionada a quantidade ou tamanho do tecido
comprometido.
Então se não existe dor,
simplesmente significa que essas mudanças existem nos tecidos, mas não são
percebidas como ameaça pelo cérebro!
Tudo isso mostra que existem
muitas dicas que podem chegar no cérebro e influenciar a dor. Mas sempre o
cérebro que decide se alguma coisa vai doer ou não! 100% das vezes, sem
exceção! Sabe, para o cérebro não existe tanta diferença entre uma dor por um
problema físico e emocional. Problemas como lesão ou uma doença apresenta
também emoção envolvida que pode tornar a experiência da dor mais
desconfortável.
Assim como existem sensores na
pele, músculos e ossos, muitos sensores estão no cérebro.
Os sensores dos
cérebro são especializados em responder a estímulos químicos. Todos os tipos de
pensamentos podem fazer as campainhas de alarme tocar no cérebro, da mesma
forma que uma irritação na pele por uma picada faz campainhas de alarme tocarem
nos nervos periféricos. Existem
neurônios espalhados pelos tecidos do corpo que respondem se os
estímulos forem suficientes para serem perigosos aos tecidos.
Ativação desses neurônios especiais enviam sinais de alarme com
prioridade para a medula espinal que são enviadas para o cérebro.
Esse tipo de atividade dos nervos é chamada de nocicepção (recepção
de ameaças). A todo tempo está acontecendo mensagens de ameaças,
mas somente as vezes elas terminam em dor.
O cérebro é responsável em fazer
a decisão final se alguma coisa é ameaçadora para os tecidos do corpo e em dar
a ação necessária. Nós humanos temos uma tremenda vantagem de não-humanos
porque podemos nos planejar para um evento, podemos aprender rapidamente com as
experiências e usar a logica para prever o futuro. Isso significa que podemos
identificar uma situação como potencialmente ameaçadora antes de existir algum
impulso no nível do tecido. Isso é ótimo, mas quando o sistema está sensível
(como na dor crônica), impulsos não relacionados com tecido comprometido, mas
julgados pelo cérebro como ameaçadores, podem ser suficientes para causar dor.
Entenda o quanto a dor na coluna
é um problema frequente no mundo e o que você deve saber e fazer a respeito
para solucionar a sua dor.
Usando a Neurociência Moderna, Estratégias de Movimento
utilizando o Modelo Biopsicossocial e Educação da Dor, é o tratamento que vem ganhando cada vez
mais espaço no cenário mundial para tratar as dores crônicas da coluna vertebral, relata Luiz Fernando Sola
que é membro da Associação Brasileira de Reabilitação da Coluna Vertebral e Membro da Sociedade de Estudo da Dor (SBED).
Luiz Fernando Sola - Especialista em Dor Crônica
www.institutokrion.com.br