segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Como a Neurociência Moderna vem ajudando pacientes a superar a Dor Lombar Crônica

Novas informações sobre os mecanismos que nos levam a sentir dor ajudam na criação de alternativas para aliviar os pacientes
Se encostarmos em uma superfície quente, a variação de temperatura nos faz tirar a mão, evitando que o calor destrua a derme. Se há infecção em algum órgão, cólicas intensas avisam que algo errado acontece. Sem a dor, seria impossível manter a integridade de nosso corpo. Em alguns casos, porém, esse orquestrado sistema de defesa sai do eixo. Em vez de proteger, vira uma ameaça.
Existem muitos mitos, falta de entendimento e medos desnecessários sobre dor. Muitas pessoas inclusive profissionais da saúde não tem os conhecimentos modernos sobre a dor.
Sentir dor por muito tempo é muito desconfortável, mas é importante saber que você não está sozinho. Cerca de 20-30% da população tem dor por mais de 3 meses. E de 10 pessoas que você parar na rua, é provável que 3 delas sintam dor por mais de 3 meses!
Estudos recentes lançam luz sobre essa área. O primeiro, feito no Hospital Universitário de Split, na Croácia, mostra como os exemplos interferem no modo como cada um reage à dor. Analisando 285 voluntários – entre pacientes de dor crônica, seus cônjuges e filhos adultos –, os pesquisadores observaram que a maneira pela qual os filhos respondem à dor é influenciada pela forma com que os pais reagem. Quanto mais eles supervalorizam o problema, mais dor o outro relata. Quanto menos importância dão ao caso, mais rápido o desconforto passa. “Isso confirma que o modelo de dor é biopsicossocial e que apenas termos biológicos ou médicos não a explicam”, disse à Lívia Puljak, vice-reitora de pesquisa da universidade croata.
Outro exemplo é quando vemos um jogador fazendo um gol, todo o time o derruba e sobe em cima para comemorar! Depois o jogador se levanta sorrindo, pulando talvez com mais energia que antes! Por outro lado, uma lesão pequena pode ser suficiente para levar uma pessoa a uma vida com dor crônica.
A dor lombar é uma condição muito comum e as pesquisas mostram que a quantidade de comprometimento do disco e do nervo raramente está associada com a experiências da dor. Muitas pessoas apresentam hérnias de disco e mesmo assim não apresentam nenhum sintoma de dor! Quando vemos um exame de imagem com todas aqueles nomes, pode ser amedrontador, mas ao mesmo tempo pode ser confortante saber que muitas desses sinais fazem parte do processo de mudança por estarmos vivos. Essas mudanças não necessariamente tem que fazer uma pessoa parar de levar uma vida completamente ativa! É comum ver nomes como “artrose, “degeneração” no exame de imagem de um praticante de Yoga, que faz todos aqueles movimentos contorcidos, e mesmo assim ele funciona muito bem!!
Esses exemplos mostram que a quantidade da dor que você experimenta não necessariamente está relacionada a quantidade ou tamanho do tecido comprometido.
Então se não existe dor, simplesmente significa que essas mudanças existem nos tecidos, mas não são percebidas como ameaça pelo cérebro!
Tudo isso mostra que existem muitas dicas que podem chegar no cérebro e influenciar a dor. Mas sempre o cérebro que decide se alguma coisa vai doer ou não! 100% das vezes, sem exceção! Sabe, para o cérebro não existe tanta diferença entre uma dor por um problema físico e emocional. Problemas como lesão ou uma doença apresenta também emoção envolvida que pode tornar a experiência da dor mais desconfortável.
Assim como existem sensores na pele, músculos e ossos, muitos sensores estão no cérebro.
Os sensores dos cérebro são especializados em responder a estímulos químicos. Todos os tipos de pensamentos podem fazer as campainhas de alarme tocar no cérebro, da mesma forma que uma irritação na pele por uma picada faz campainhas de alarme tocarem nos nervos periféricos. Existem neurônios espalhados pelos tecidos do corpo que respondem se os estímulos forem suficientes para serem perigosos aos tecidos. Ativação desses neurônios especiais enviam sinais de alarme com prioridade para a medula espinal que são enviadas para o cérebro. Esse tipo de atividade dos nervos é chamada de nocicepção (recepção de ameaças). A todo tempo está acontecendo mensagens de ameaças, mas somente as vezes elas terminam em dor.
O cérebro é responsável em fazer a decisão final se alguma coisa é ameaçadora para os tecidos do corpo e em dar a ação necessária. Nós humanos temos uma tremenda vantagem de não-humanos porque podemos nos planejar para um evento, podemos aprender rapidamente com as experiências e usar a logica para prever o futuro. Isso significa que podemos identificar uma situação como potencialmente ameaçadora antes de existir algum impulso no nível do tecido. Isso é ótimo, mas quando o sistema está sensível (como na dor crônica), impulsos não relacionados com tecido comprometido, mas julgados pelo cérebro como ameaçadores, podem ser suficientes para causar dor.
Entenda o quanto a dor na coluna é um problema frequente no mundo e o que você deve saber e fazer a respeito para solucionar a sua dor.
Usando a Neurociência Moderna, Estratégias de Movimento utilizando o Modelo Biopsicossocial e Educação da Dor, é o tratamento que vem ganhando cada vez mais espaço no cenário mundial para tratar as dores crônicas da coluna vertebral,  relata Luiz Fernando Sola que é membro da Associação Brasileira de Reabilitação da Coluna Vertebral e Membro da Sociedade de Estudo da Dor (SBED).

Luiz Fernando Sola - Especialista em Dor Crônica
www.institutokrion.com.br

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